O primeiro protótipo desenvolvido deveria ser para venda de algum produto que não exista comumente na internet. Trata-se de um site para venda de pílulas do conhecimento. Esse foi o meu primeiro contato com a ferramenta.
O segundo protótipo tinha como enunciado desenvolver uma solução que ajudasse pessoas que queriam adotar animais a encontrar os animais mais adequados para eles. Nesse caso foi feita uma entrevista com a fundadora e diretora de ONG da minha região para entender melhor dos desafios envolvidos no processo de adoção:
Qual é o principal impedimento de quem quer adotar?
Financeiro. É necessário conscientizar para que a pessoa adote um animal que esteja dentro da sua capacidade financeira.
Tem problemas em conseguir voluntários (para trabalhar ou lar temporário)?
Muitos. As pessoas encaram o voluntariado como um hobbie, falta comprometimento. Entrevistada está procurando alguém para ensinar (curso, palestra, workshop etc) sobre o trabalho voluntário, para conscientizar os voluntários.
Recebem muitas “exigências” de quem quer adotar?
Sim. Principalmente por tamanho (querem mais animais pequenos), filhotes, e que não latam. Muitas vezes pessoas com menos condições financeiras procuram “peluços”, que são animais mais caros de se manter. Novamente, necessidade de conscientização.
Faz algum tipo de filtro dos pedidos de ajuda? (com castração, vet etc)
Sim. Uma espécie de “pesquisa social”, pergunta bairro, se trabalha, pede foto do animal (para saber se é de raça) e por fim tenta ver quanto a pessoa pode contribuir com o custo.
Como é a arrecadação? Nessa ONG, não gostam de pedir doação, para não gerar desconfiança [nota do entrevistador: a ONG tem uma reputação excelente na região]. A ONG possui processos permanentes de arrecadação:
- bazar de usados e venda de produtos da marca (tentando migrar para online, por enquanto está suspenso);
- almoço (que na pandemia virou delivery);
- bingo (não está acontecendo na pandemia);
- no início da ONG fazia hospedagem de animais;
- rifa “turbinada”, com itens mais atrativos (não como liquidificador);
- recebem algumas doações de parceiros, mas não é a principal receita.
É muito importante para eles manterem um ciclo constante de arrecadação, para ter caixa. Vê que muitas ONGs e abrigos não fazem isso, deixam para tentar arrecadar quando estão no limite.
O trabalho de social media da ONG não é muito bem estruturado, feito pela própria fundadora esporadicamente. Não colocam uma pessoa responsável por isso por medo de: 1) a pessoa largar por falta de comprometimento; 2) criar uma imagem que não querem para ONG, como que vai resgatar animal preso em árvore, dentro de rio, etc.
Como é para conseguir apoio de veterinários e clínicas? Fácil. Tem o apoio de todos os veterinários da região, com exceção de apenas um. [nota do entrevistador: a entrevistada tem relacionamento muito bom com muitas pessoas da cidade, é uma figura localmente bem conhecida, realmente uma líder comunitária]. Mas essa não é a realidade de muitas ONGs com as quais tem contato.
Como outras ONGs poderiam conseguir esse apoio? Respeito pelos profissionais. Entender que não é porque é veterinário que tem a obrigação de querer ajudar. Quando procura um veterinário, pergunta o preço que ele quer cobrar, insiste para não oferecer o serviço de graça, faz amizade. Nunca insiste em ser ajudada.
É comum encontrar avisos em abrigos de que não aceitam “doações” de animais, porque isso na verdade é abandono. Concorda com esse conceito, e tem muita procura nesse sentido?
Sim e sim. A procura é grande, e a ONG procura entender o motivo (geralmente é financeiro) e oferecer ajuda para a pessoa conseguir manter o animal. Quando o motivo é fútil, não conversa.
Sugestões gerais para o site que está sendo desenvolvido Portal regionalizado (distância que dê para ir de carro); Trabalhar na conscientização de quem vai adotar saber se tem condições (possivelmente aplicando um teste estilo buzzfeed para entender as condições emocionais e financeiras daquela pessoa e se elas se adequam às necessidades do animal que quer adotar);
** a ONG criou uma “lista negra” das pessoas da região com quem teve problemas (pessoas que devolveram animais, abandonaram, teve animais envenenados, tiraram vantagem de subsídio para vet, etc.)
Essa entrevista foi feita com a Ana Cristina Rangel, fundadora e presidente da ONG Amigos de Francisco, que atua em Miguel Pereria - RJ. As respostas foram livremente transcritas por mim, João, procurando ao máximo manter o conteúdo das respostas da entrevista telefônica.