Bom, volumes nada mais são que diretórios externos ao container, que são montados diretamente nele, e dessa forma bypassam seu filesystem, ou seja, não seguem aquele padrão de camadas que falamos. Decepcionei você? Que bom, sinal de que é bem simples e você não vai ter problemas para entender. :)
A principal função do volume é persistir os dados. Diferentemente do filesystem do container, que é volátil e toda informação escrita nele é perdida quando o container morre, quando você escreve em um volume aquele dado continua lá, independentemente do estado do container.
Existem algumas particularidades entre os volumes e containers que valem a pena ser mencionadas:
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O volume é inicializado quando o container é criado.
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Caso ocorra de já haver dados no diretório em que você está montando como volume, ou seja, se o diretório já existe e está "populado" na imagem base, aqueles dados serão copiados para o volume.
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Um volume pode ser reusado e compartilhado entre containers.
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Alterações em um volume são feitas diretamente no volume.
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Alterações em um volume não irão com a imagem quando você fizer uma cópia ou snapshot de um container.
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Volumes continuam a existir mesmo se você deletar o container.
Dito isso, chega de papo. Vamos aprender a adicionar um volume em um container.
Primeiro, vamos ver como funciona da maneira antiga, que ainda é suportada, porém não é elegante. :)
Essa maneira é muito utilizada quando se quer montar um diretório específico do host dentro do container. Isso é ruim quando estamos trabalhando em cluster, uma vez que teríamos que garantir esse diretório criado em todos os hosts do cluster. Não seria legal.
Porém, podemos aprender como funciona e utilizar em algum momento, caso se faça necessário. Para evitar erros, primeiro crie o diretório "/volume" na sua máquina.
root@linuxtips:~# mkdir /volume
root@linuxtips:~# docker container run -ti --mount type=bind,src=/volume,dst=/volume ubuntu
root@7db02e999bf2:/# df -h
Filesystem Size Used Avail Use% Mounted on
none 13G 6.8G 5.3G 57% /
tmpfs 999M 0 999M 0% /dev
tmpfs 999M 0 999M 0% /sys/fs/cgroup
/dev/mapper/ubuntu--vg-root 13G 6.8G 5.3G 57% /volume
shm 64M 0 64M 0% /dev/shm
root@7db02e999bf2:/# ls
bin boot dev etc home lib lib64 media mnt opt proc root run sbin srv sys tmp usr var volume
root@7db02e999bf2:/#
No exemplo anterior, conhecemos um novo parâmetro do comando "docker container run", o "--mount".
O parâmetro "--mount" é o responsável por indicar o volume, que em nosso exemplo é o "/volume", e onde ele será montado no container. Perceba que, quando passamos o parâmetro "--mount type=bind,src=/volume,dst=/volume", o Docker montou esse diretório no container, porém sem nenhum conteúdo.
Podemos também montar um volume no container linkando-o com um diretório do host já com algum conteúdo. Para exemplificar, vamos compartilhar o diretório "/root/primeiro_container", que utilizamos para guardar o nosso primeiro dockerfile, e montá-lo no container em um volume chamado "/volume" da seguinte forma:
# docker container run -ti --mount type=bind,src=/root/primeiro_container,dst=/volume ubuntu
root@3d372a410ea2:/# df -h
Filesystem Size Used Avail Use% Mounted on
none 13G 6.8G 5.3G 57% /
tmpfs 999M 0 999M 0% /dev
tmpfs 999M 0 999M 0% /sys/fs/cgroup
/dev/mapper/ubuntu--vg-root 13G 6.8G 5.3G 57% /volume
shm 64M 0 64M 0% /dev/shm
root@3d372a410ea2:/#
Com isso, estamos montando o diretório "/root/primeiro_dockerfile" do host dentro do container com o nome de "/volume".
No container:
root@3d372a410ea2:/# ls /volume/
Dockerfile
root@3d372a410ea2:/#
No host:
root@linuxtips:~# ls /root/primeiro_dockerfile/
Dockerfile
root@linuxtips:~#
Caso eu queira deixar o volume no container apenas como read-only, é possível. Basta passar o parâmetro "ro" após o destino onde será montado o volume:
# docker container run -ti --mount type=bind,src=/root/primeiro_container,dst=/volume,ro ubuntu
root@8d7863b1d9af:/# df -h
Filesystem Size Used Avail Use% Mounted on
none 13G 6.8G 5.3G 57% /
tmpfs 999M 0 999M 0% /dev
tmpfs 999M 0 999M 0% /sys/fs/cgroup
/dev/mapper/ubuntu--vg-root 13G 6.8G 5.3G 57% /volume
shm 64M 0 64M 0% /dev/shm
root@8d7863b1d9af:/# cd /volume/
root@8d7863b1d9af:/volume# ls
Dockerfile
root@8d7863b1d9af:/volume# mkdir teste
mkdir: cannot create directory 'teste': Read-only file system
root@8d7863b1d9af:/volume#
Assim como é possível montar um diretório como volume, também é possível montar um arquivo:
# docker container run -ti --mount type=bind,src=/root/primeiro_container/Dockerfile,dst=/Dockerfile ubuntu
root@df0e3e58280a:/# df -h
Filesystem Size Used Avail Use% Mounted on
none 13G 6.8G 5.3G 57% /
tmpfs 999M 0 999M 0% /dev
tmpfs 999M 0 999M 0% /sys/fs/cgroup
/dev/mapper/ubuntu--vg-root 13G 6.8G 5.3G 57% /Dockerfile
shm 64M 0 64M 0% /dev/shm
root@df0e3e58280a:/# cat Dockerfile
FROM debian
RUN /bin/echo "HELLO DOCKER"
root@df0e3e58280a:/#
Isso faz com que o arquivo "/root/primeiro_dockerfile/Dockerfile" seja montado em "/Dockerfile" no container.
Agora vamos criar os volumes da maneira mais elegante e atual. Hoje temos a possibilidade de realizar o gerenciamento de volumes de maneira muito simples e inteligente.
Sempre que criamos um volume, ele cria um diretório com o mesmo nome dentro de "/var/lib/docker/volumes/".
No exemplo a seguir, o volume "giropops" seria então criado em "/var/lib/docker/volumes/giropops"; com isso, todos os arquivos disponíveis nesse diretório também estariam disponíveis no local indicado no container. Vamos aos exemplos! :D
É possível fazer a criação de volumes e toda a sua administração através do comando:
# docker volume create giropops
É possível removê-lo através do comando:
# docker volume rm giropops
Para verificar detalhes sobre esse volume:
# docker volume inspect giropops
Para remover os volumes que não estão sendo utilizados (use com extrema moderação! :D):
# docker volume prune
Para que você possa montar o volume criado em algum container/service, basta executar o seguinte comando:
# docker container run -d --mount type=volume,source=giropops,destination=/var/opa nginx
Onde:
-
--mount -- Comando utilizado para montar volumes.
-
type=volume -- Indica que o tipo é "volume". Ainda existe o tipo "bind", onde, em vez de indicar um volume, você indicaria um diretório como source.
-
source=giropops -- Qual o volume que pretendo montar.
-
destination=/var/opa -- Onde no container montarei esse volume.
Simples como voar, não?
Caso você queira obter a localização do seu volume, é simples. Mas para isso você precisa conhecer o comando "docker volume inspect".
Com o "docker volume inspect" você consegue obter detalhes do seu container, como, por exemplo, detalhes do volume.
A saída do comando "docker volume inspect" retorna mais informação do que somente o path do diretório no host. Vamos usar a opção "--format" ou "-f" para filtrar a saída do "inspect".
docker volume inspect --format '{{ .Mountpoint }}' giropops
/var/lib/docker/volumes/giropopos/_data
Uma opção bastante interessante em relação aos volumes diz respeito ao data-only container, cuja principal função é prover volumes para outros containers. Lembra do NFS server e do Samba? Ambos centralizavam diretórios com a finalidade de compartilhar entre outros servidores. Pois bem, o data-only container tem a mesma finalidade: prover volumes a outros containers.
Um dos grandes baratos do Docker é a portabilidade. Um container criado no seu laptop deve ser portátil a ponto de rodar em qualquer outro ambiente que utilize o Docker, em todos os cantos do universo!
Sendo assim, o que acontece se eu criar um ambiente em Docker que diz para os containers montarem um diretório do host local? Depende. Depende de como está esse tal host local. Perguntas como "o diretório existe?" "as permissões estão ajustadas?", entre outras mais, definirão o sucesso na execução dos containers, o que foge completamente do escopo do Docker.
Vamos ver como funciona isso na prática! :)
Para o nosso exemplo, primeiro vamos criar um container chamado "dbdados", com um volume chamado "/data", que guardará os dados de um banco PostgreSQL.
Para que possamos criar um container especificando um nome para ele, utilizamos o parâmetro "--name", conforme veremos no exemplo a seguir:
# docker container create -v /data --name dbdados centos
Com isso, apenas criamos o container e especificamos um volume para ele, mas ainda não o iniciamos.
Sabemos que no container o volume se encontra montado em "/data". Porém, qual a localização desse volume no host?
Lembra do "docker inspect"? Vamos utilizá-lo novamente:
root@linuxtips:~# docker inspect -f {{.Mounts}} dbdados
[{46255137fe3f6d5f593e9ba9aaaf570b2f8b5c870f587c2fb34f29b79f97c30c /var/lib/docker/volumes/46255137fe3f6d5f593e9ba9aaaf570b2f8b5c870f587c2fb34f29b79f97c30c/_data /data local true }]
Perceba que agora utilizamos o nome do container em vez do "CONTAINER ID". Totalmente possível e muito mais intuitivo.
Quando executamos o "docker inspect", ele nos retornou o caminho do nosso volume. Vamos ver se existe algum conteúdo dentro dele:
root@linuxtips:~# ls \
/var/lib/docker/volumes/46255137fe3f6d5f593e9ba9aaaf570b2f8b5c870f587c2fb34f29b79f97c30c/_data
Como vimos, o diretório ainda não possui conteúdo.
Agora vamos criar os containers que rodarão o PostgreSQL utilizando o volume "/data" do container "dbdados" para guardar os dados.
Para que possamos fazer o exemplo, precisamos conhecer mais dois parâmetros superimportantes:
-
--volumes-from -- É utilizado quando queremos montar um volume disponibilizado por outro container.
-
-e -- É utilizado para informar variáveis de ambiente para o container. No exemplo, estamos passando as variáveis de ambiente do PostgreSQL.
Pronto, agora estamos preparados! Vamos criar os containers com o PostgreSQL:
# docker run -d -p 5432:5432 --name pgsql1 --volumes-from dbdados \
-e POSTGRESQL_USER=docker -e POSTGRESQL_PASS=docker \
-e POSTGRESQL_DB=docker kamui/postgresql
# docker run -d -p 5433:5432 --name pgsql2 --volumes-from dbdados \
-e POSTGRESQL_USER=docker -e POSTGRESQL_PASS=docker \
-e POSTGRESQL_DB=docker kamui/postgresql
Para verificar os dois containers com o PostgreSQL em execução, utilize o "docker container ls".
Pronto, agora temos os dois containers com PostgreSQL em execução! Será que já temos algum dado no volume "/data" do container "dbdados"?
Vamos verificar novamente no host se o volume agora possui algum dado:
root@linuxtips:~# ls /var/lib/docker/volumes/46255137fe3f6d5f593e9ba9aaaf570b2f8b5c870f587c2fb34f29b79f97c30c/_data
base pg_clog pg_ident.conf pg_notify pg_snapshots pg_stat_tmp pg_tblspc PG_VERSION postgresql.conf postmaster.pid server.key global pg_hba.conf pg_multixact pg_serial pg_stat pg_subtrans pg_twophase pg_xlog postmaster.opts server.crt
root@linuxtips:~#
Sensacional! Como percebemos, os dois containers do PostgreSQL estão escrevendo seus dados no volume "/data" do container "dbdados". Chega a ser lacrimejante! :D
Outra coisa bem bacana é a possibilidade de fazer backups dos seus containers de dados de forma muito simples e rápida.
Digamos que você queira fazer o backup do diretório "/data" do container "dbdados" que nós criamos há pouco; como faríamos?
root@linuxtips:~# cd backup/
root@linuxtips:~/backup# docker run -ti --volumes-from dbdados -v $(pwd):/backup debian tar -cvf /backup/backup.tar /data
Quando executamos o comando anterior, é criado um novo container montando o(s) volume(s) do container "dbdados" (que no caso é o "/data", lembra?). Além disso, será montado o diretório corrente do host no volume "/backup" do container, e em seguida será executado o comando do tar para empacotar o diretório "/data" dentro do diretório "/backup". Bem simples, né?
root@linuxtips:~/backup# ls
backup.tar
root@linuxtips:~/backup#
Lembrando que os volumes são sempre criados dentro de "/var/lib/docker/volumes". Caso queira fazer o backup de todos os volumes, basta tratar esse diretório em suas rotinas de backup. ;)